terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Rubrica CAMPEÕES Nº 4


Nome: Bruno Luís Martins de Figueiredo, aka "Brunão"
Idade: 30 anos (11/07/1981)
Palmarés:
•    Campeão Regional de Infantis (GCO)
•    Campeão Nacional de Iniciados (GCO)
•    Vice-Campeão Nacional de Júniores (SCP)
•    Melhor Jogador da fase final do Campeonato Nacional de Iniciados
•    Participação em vários torneios na selecção regional de Lisboa
•    Internacional Português em Juvenis e Júniores

Foi por causa de influências familiares que vieste para o Andebol ou foi por mera curiosidade de menino?

Eu comecei a jogar andebol aos 8 anos no Clube Desportivo Niagara, por sugestão do meu irmão, que já lá jogava. Até essa altura o andebol não me dizia nada! Tinha praticado natação e ginástica, mas gostei muito mais de um desporto colectivo com bola, e troquei sem pensar duas vezes! Chamavam-me o "Micro-Infantil", e lembro-me perfeitamente do Milheiro, que na altura era o treinador, dizer "O puto tem jeito e ainda por cima remata com as duas mãos!" Recordo ir ver alguns jogos que se realizavam no pavilhão da ESO, e aquilo fascinava-me. Dois anos mais tarde entrei para o Estrelas do Bairro Olaio e adorei o ambiente!

Quais as mais valias que tiras destes anos todos que passaste pelo “Bairro Olaio”?

Além dos bons momentos desportivos, ficam para sempre as amizades. O GCO foi uma segunda família onde cresci e aprendi muita coisa sobre mim e sobre a vida. Ainda hoje me sinto em casa quando piso aquele solo ou revejo as caras familiares que me acompanharam. Não podia ter tido uma melhor adolescência do que a que tive no GCO.

Foste Campeão Nacional nesta casa no escalão de Iniciados. A teu ver qual foi o segredo para esta magistral conquista?

A dedicação de todos os treinadores, dirigentes, pais e atletas daquela equipa foi essencial para o nosso sucesso. Tínhamos uma equipa com muita qualidade, e talvez o "segredo" fosse o nosso espírito de grupo: havia grande amizade, cumplicidade e entusiasmo dentro e fora de campo, e uma atitude quase "profissional" em miúdos de 13 anos! Tínhamos fome de bola e sede de convocatória! Acima de tudo, tínhamos muito prazer em jogar no GCO.

A seguir ao GCO seguiu-se o Sporting, como foi essa mudança?

A ida para o SCP abriu-me novos horizontes, foi um grande desafio. Fui no 1º ano de júnior, e tive de habituar-me a novos colegas, treinadores e métodos de treino, entrar dentro do espírito do balneário; depois tudo foi ficando mais fácil. Comecei a treinar no pavilhão velhinho e só às vezes ia à Nave de Alvalade fazer treinos de musculação. Nessas altura ficava a ver os treinos dos séniores, e sonhava com a minha oportunidade. Posteriormente, quando comecei a treinar com eles, sentia uma grande alegria e nervosismo por estar ao lado de alguns jogadores que admirava desde pequeno, como o Carlos Ferreira, Ricardo Andorinho, Armando Pires, Luís Gomes, etc. Aprendi bastante nesta passagem pelo SCP, fiz alguns amigos e foi uma boa experiência.

A tua carreira infelizmente  acabou cedo, derivado das sucessivas  lesões que tiveste, como encaraste esses momentos?

As minhas lesões foram momentos de grande dor e frustração porque impediram-me de concretizar um dos sonhos da minha vida, que era ser jogador profissional de andebol. Felizmente sempre tive amigos e familiares que me ajudaram a superar essas contrariedades. A decisão de terminar a carreira deveu-se em parte às lesões e também em ter apostado seriamente na carreira académica.

Com tantos anos de andebol de certeza que tiveste momentos insólitos, qual o momento que jamais esquecerás?

Não consigo eleger um momento apenas, porque são imensos! Desde as brincadeiras nos balneários, fases finais de campeonatos, torneios da Madeira, Madalena e Leiria, o clima explosivo nas bancadas em jogos grandes, enfim! Aconteceu-me uma vez, logo no início de um jogo contra o Benfica, o árbitro dar cartão vermelho a mim e ao meu adversário, numa falta que só ele viu! Ficámos ambos perplexos a perguntar ao árbitro porquê, mas acho que nem ele sabia bem...!

Como vês o futuro da nossa modalidade em Portugal?

O futuro do andebol em Portugal vai depender do investimento feito pelas várias estruturas políticas e desportivas que o regem. A aposta na modalidade tem de ser um esforço concertado, com objectivos a médio-longo prazo. Tem de haver uma clara estratégia vertical, que crie um modelo de jogo e princípios de treino desde os escalões mais jovens. É muito importante a (boa) formação de treinadores e dirigentes, e o apoio de estruturas médicas para a prevenção e reabilitação de lesões. Não temos características antropométricas ideais para sermos campeões do mundo, mas podemos fazer bem melhor com o que somos.

Fora de campo como é o Bruno Figueiredo? Para além do andebol que outros hobbies tens?

Além de ser médico no Hospital D. Estefânia e no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, tenho uma grande paixão pela música, e ocupo algum tempo livre nos estudos musicais no Hotclub, com a minha banda e num coro. Toco alguns instrumentos, sobretudo guitarra e contrabaixo. Sou um motard inveterado e um cicloturista entusiasta! Gosto imenso de cozinhar, viajar e fazer voluntariado.

Sempre conseguiste conciliar os estudos com o andebol. Partindo deste pressuposto que mensagem deixas  aos atletas do Ginásio Clube de Odivelas?

Nem sempre foi fácil conciliar os estudos ou a vida privada com o andebol. Lembro-me dos inúmeros sacrifícios que fiz para estar sempre presente em treinos e jogos, e contei com o apoio incondicional da minha família. Sem isso, nada seria possível. Mas na vida há tempo para fazermos o que mais gostamos, desde que sejamos organizados. Hoje sei que mais valem 30 minutos de estudo todos os dias do que 4 horas ao fim de semana! Nada é fácil na vida, tudo exige dedicação e imaginação. Mas acreditem sempre que são capazes de melhorar se treinarem para isso!

Por fim quero aproveitar para saudar e agradecer a todos os meus companheiros de equipa por tudo o que vivemos juntos! Recordo algumas pessoas importante no meu começo (João Milheiro, Turquel, Tó Ermida, Saldanha), e outros que me foram acompanhando ao longo de vários anos ("Macacão", Vítor Marques, Sr. Serina, Camilo Costa, Dr. Abílio, Zé Manel, João Clemente, Costa). A todos um bem-haja!

Sem comentários: